Personagens Sub-aproveitados

No meu post sobre o Punho de Ferro, vemos que um personagem com uma boa história pode ser suprimido. Então, neste post, pretendo discutir o sub-aproveitamento de personagens, como não deixar seus personagens suprimidos, como tirá-los do limbo do esquecimento e até quando é necessário que você suprima um personagem.

Normalmente, nas campanhas de rpg, tem um ou outro personagem que acaba se destacando dos demais. Isso é normal. Afinal de contas sempre tem um líder, ou alguém que dá mais idéias para o grupo, ou até mesmo aquele que se destaca na parte física (leia-se porrada) e acabam conseguindo um destaque a mais na sua narração.

Isso é muito comum, e pode até acabar gerando boas disputas amigáveis para ver quem dá mais idéias, quem resolve mais enigmas ou até mesmo quantos cada um matou em combate. Mas o problema é quando um ou dois personagens se destacam e outro deles acaba esquecido, não interage na história ou participa dos combates apenas para fazer número. Isso pode fazer com que o jogador deste personagem ‘esquecido’ se desanime de jogar e/ou comece a faltar. Afinal de contas seu personagem não fará falta mesmo.

A idéia principal dos jogos de rpg é divertir a todos (se você não joga com esse intuito, é melhor rever seus conceitos), quando um dos jogadores não estiver se divertindo, quer dizer que algo está errado e cabe a você mestre conversar com o jogador e ver o que há de errado.

Mas como evitar que alguns de seus jogadores acabem caindo no esquecimento?

Primeiro, veja com são suas habilidades, faça narrações em que seja necessário o uso delas. Se ele é um ranger, faça com que seja necessário alguma sobrevivência na floresta, talvez caçar animais para que não fiquem com fome. Ou se o personagem em questão for um ladrão coloque armadilhas, portas a serem arrombadas ou bolsos pontos para serem esvaziados. Se, em uma narração contemporanea, ele for um especialista em explosivos, que tenha então paredes e prédios para serem derrubados.

Usando suas habilidades, o personagem acaba sendo valorizado, mas há um porém. Incentive as ações ativas, como por exemplo quando o grupo entra em alguma dungeon, será que o personagem em questão vai tomar a dianteira e dizer: ‘Deixem comigo, eu vou procurar armadilhas’, ou será que o líder do grupo vai ter que pedir para que ele faça isso?

Isso nos leva ao segundo ponto. Recompense o personagem por boas atitudes, principalmente quando ele participa ativamente da narração. Pode se recompensar as boas idéias, um inimigo derrotado de alguma forma inteligente, a quebra dos enigmas propostos pelo mestre. Mas como você deve recompensar o jogador? Pode ser com pontos de experiência, mas sempre respeitando também, os demais personagens. Não adianta dar mais pontos para este jogador, tentando fazer com que ele saia do esquecimento, e deixar os outros chupando dedo, ou pior, reclamando.

Como outra opção de recompensa está as premiações dentro do jogo. Certifique-se que junto dos tesouros encontrados está um item especifico para aquele personagem. Ou o tipo de arma que ele utiliza. Mais uma vez não beneficie só este personagem, para que não haja reclamações dos outros. Há também a possibilidade de voltar a história, ou uma missão secundária, voltada para a história do personagem. Faça com que eles cheguem a vila/cidade onde o personagem foi criado, ou que ele receba um telefonema/carta/email/tweet(?) de seu pai pedindo ajuda. Ou o vilão da campanha conhece o personagem, podendo ser o pai dele ou um amigo e que somente este personagem saiba o que ele quer ou como derrotá-lo. Faça-o sentir parte da narração, parte da história.

Mas e quando o contrário ocorre? Quando um personagem é ativo demais na narração, atrapalhando o andamento do jogo? Bem, essa é um pouco mais dificil… mas tente seguir os mesmos exemplos acima, porém de forma invertida. Tire um pouco de sua participação tirando as armadilhas caso ele seja um ladrão, tirando combates se ele for um guerreiro ou incluíndo muitos combates se ele for alguém sem habilidades físicas e eetire pontos de experiência quando atrapalhar.

Porém a dica mais importante nos dois casos, é: Converse com o jogador, pergunte a ele o que pode melhorar, ou diga que está atrapalhando, isso (quase) sempre resolve.

Então mestre, tenha uma boa noção do que acontece em sua mesa. Não deixe que personagens com boas histórias que podem ser muito bem aproveitadas sejam sub-aproveitados e não suprima os jogadores menos participativos. Como já disse acima e todos vocês devem saber, rpg é para diversão, ninguém joga isso para ganhar ou para dizer que faz uma ficha melhor que o outro. Enfim, divirta-se.

6 comentários em “Personagens Sub-aproveitados

  1. Idéias interessantes, outra saída é rolar algumas situações onde apenas o personagem que não participa muito está presente, seria interessante colocar algo como “um dia na cidade” em que o grupo tira o dia para fazer o que quiser, é a chance do mestre rolar situações separadas com todos os personagens e colher as recompensas das ações dos mesmos depois.
    Não vou mentir, é cansativo, mas traz bons momentos no jogo. Os guerreiros podem ir ao concurso de queda de braço (exemplo), os ladinos podem rondar a cidade atrás de novidades ou bolsas para roubar, os magos podem visitar bibliotecas de mágia, os bardos irem a taverna “bardear” e cada um pode ter uma mini-aventura menor que o incentive e quebre um pouco a rotina do “matar, saquear e destruir”.

    1. Gargula,

      Gostei muito da sua sugestão, lembrei um velho PBF que eu joguei que roalva essas coisas de “um dia na vida do personagem” você estava livre e fazia coisas divertidas que ninguem mais poderia fazer em grupo, ja que são gostos separados.

      Em uma campanha em que eramos humanos com super habilidades, eu era um NERD realmente o maior NERD possivel com poderes de falar com as maquinas e devido minha inteligencia usava esse talento de verdade, tivemos um dia na cidade e como todo bom nerd clichê eu era pessimo com as mulheres, então usei uma maquina para me “prender com uma mulher gostosa num elevador”, com alguns movimentos aumentei o calor do ar condicionado ao extreme, até o ponto dela mesmo sugerir arrancar as roupas.

      Claro que o Nerd nao conseguiu nada, mas foi uma experiencia unica.

  2. Ter essa noção de não sub-aproveitar os PCs é muito importante msm. Até porque isso acaba acontecendo muitas vezes sem que o mestre perceba.

    Ótimo post, sempre fazendo a gente refletir!

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